domingo, agosto 22, 2004

Adorável Ostracismo

Saudações!

Decidi por tornar este blog algo semanal, já que ultimamente o tempo parece não parece ser amigo. Não é que nem por isso esteja omitindo algum fato excepcional que possa ter acontecido a este pálido autor, já que à contragosto dedica-se a extrair o máximo do ostracismo que veste como uma capa contra a sociedade que lhe abomina.

Antes de adentrar na discussão que hoje tenho em pauta para os senhores, peço venia, com a devida paciência que lhes é natural, que me escutem, ou melhor, que leiam este post, para entender os motivos que levaram estre fraco autor a despejar suas idéias e sentimentos por sobre os ombros dos colegas leitores. Estou sozinho. Pronto, em duas palavras, embora curtas, defini concisamente minha situação atual, que a cada minuto mais se aprofunda neste abismo da vida.
Há um um grande abismo entre sentir-se sozinho e estar solitário. Sentir-se sozinho é um sentimento profundo, que pode se revelar pelo mais simples factóide da vida, atingindo o de tal maneira, que o arranca de seu eixo, deixando-o à deriva na vida. Este é o pior sentimento que pode acometer um indivíduo, pois suas conseqüências são incomensuráveis. A solidão apavora a mente, leva-o a mundos desconhecidos, onde nada a lógica fugiu e o pandemônio te chama de filho. Enfim, é o caos sentimental que estilhaça a alma, produzindo milhares de pedaços de difícil reparação. É por isso que decidi por dar à tecnologia uma chance, e me expor completamente ao mundo através desse blog. Dizem os psicanalistas que guardar sentimentos para você é tão prejudicial quanto o uso de drogas. Deveras. Drogas levam você a um mundo que é modo de escape para uma situação insuportável, enquanto o cadeado da mente faz com que a idéia amadureça em seu interior, até o ponto de apodrecê-la como uma fruta velha.
Por outro lado, há o fato de se sentir solitário. Isto é o mais simples, já que estar solitário não involve a solidão. Solitário involve o estado físico da pessoa, ou seja não afecta seu mundo sentimental. Ser solitário nada mais é do que uma opção, podendo ser alterada com tranquila facilidade.

Pois bem, passemos a assuntos mais interessantes. Queria ter a benção de nunca ter de trabalhar na vida, ser mais um pária da sociedade, a rastejar pelos cantos, ignorando e por todos sendo ignorado, feliz por viver à margem de uma sociedade viciada, mas em seu todo viciante, e justamente por isso não o faço. Embora o ostracismo me pareça tentador, já tenho raízes tão fortemente fixadas na sociedade que se tentasse, voltaria rapidamente como um cão com o rabo entre as pernas.

Confesso, com a preguiça que me é peculiar, que não sei como terminar este post. Estou em plena luta com minhas idéias, sem saber quem irá sair vitoriosa dessa peleja. Me sinto gasto, depois do que lhes contei anteriormente. Mas lutemos, "tentemos outra vez", porque há muito pelo que ainda se vale lutar.

Enfim, o ostracismo. Em determinados momentos me parece uma idéia fantástica, fugir de tudo, dar um pontapé na porta e sair mundo afora, explorar, questionar, esquecer. Pois por ser uma pessoa apegada ao esquecimento, talvez não sentiria falta da vivência social. Agora, me parece uma idéia fraca, que nasceu e continua sem possuir sentido, já que percebo agora que nossa existência, nossa vida, não é só nossa, mas de todos que conhecemos e de todos que nos conhecem (estou a comparar muito neste post).

Assim, coloco meu chapéu e, com o casaco nos braços, me despeço cordialmente deste colega tão antigo da história humana, a desejar-lhe sucesso nos meandros existenciais, e vou para casa, a pensar nas pessoas que pensam em mim.




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